Para avaliar , compreender e educar a criança com autismo, é necessário partir do ponto de referência da evolução normal das funções, que encontram-se prejudicadas nos casos de autismo.
Importante saber que a criança normal , desde o NASCIMENTO possui sistemas de expressão emocional que proporcionam aos pais a compreensão de suas necessidades e estados de ânimo. A partir do segundo ou terceiro mês, tendem a refletir em suas próprias expressões emocionais as expressões dos adultos, o que significa que sorri quando a mãe sorri ou faz cara de triste quando a mãe mostra uma expressão triste.
É lógico supor que, quando o bebê de três meses sorri, diante do sorriso do pai, não somente produz um gesto, mas também a experiência de estar alegre. Deste modo, tem a mesma experiência emocional, que o pai reflete em seu sorriso.Quando os bebês de três ou quatro meses, são colocados diante de um móbile, com algumas esferas que giram toda vez que eles movem a cabeça para o lado, além de produzirem a reação circular de mover a cabeça; produzem gestos, expressões e vocalizações sociais.
A capacidade de perceber contingências é, por outro lado, um requisito importante para que o bebê seja capaz de antecipar a conduta de outros em sequencia de sua ação. Até os seis meses, um bebê normal levanta seus bracinhos, quando a mãe o vai pegar nos seus.As condutas de vinculação e as possibilidades de antecipação que os bebês de 7-8 meses possuem, junto com o interesse em explorar os objetos e assimilá-los a seus esquemas, constituem fatores importantes para o desenvolvimento de condutas propriamente comunicativas que podem ter a função de pedir algo ou então uma finalidade intrinsecamente comunicativa de compartilhar a experiência e o interesse em relação ao objeto.
Assim, um bebê de um ano consegue vocalizar, enquanto toca a saia de sua mãe, olha para ela e levanta os braços em sua direção; como se pedisse para ser tomado em seus braços.
E, assim que estiver nos braços da mãe, olha pela janela, realiza a ação de estender seu dedo indicador para apontar um carro que está passando na rua, daí olha alternadamente para o carro e para a mãe e emite vocalizações de excitação e interesse, como se dissesse “Que carro lindo!”.
Ao final do primeiro ano, o bebê normal possui um conhecimento implícito considerável do mundo social.
A criança com autismo apresenta uma desarmonia significativa em seu desenvolvimento, o que representa que podem possuir habilidades muito próximas das que correspondem a sua idade cronológica, competências cognitivas notáveis e em contrapartida dificuldades importantes de discriminar e interpretar sinais sociais e linguísticos, bem como realizarem tarefas que requeiram imaginação, “colocarem-se no lugar dos outros” ou entenderem as intenções dos demais.
A capacidade de ter a mesma experiência emocional, de ter empatia com as emoções de outros, de “colocar-se emocionalmente em seu lugar”, é básica em nossa espécie e constitui uma poderosa força motriz do desenvolvimento normal, o que é muito deficiente na criança com autismo, ocasionando outras consequências graves, num efeito em cascata, que acaba por bagunçar o desenvolvimento desta criança, ou seja, gerar um TRANSTORNO.