Autismo e psicanálise

O artigo “ O Tratamento para Autismo Vergonhoso da França” da News Magazine (BBC) de 2 de abril de 2012, traduzido por Paulo Abreu, traz a discussão atual na França sobre o tratamento de autismo no País.

Até o momento, a predominância da psicanálise tem gerado números alarmantes de pessoas com autismo que se encontram institucionalizadas e sem condições de conviver em sociedade e muitas vezes sequer com a própria família.

Famílias descontentes estão mobilizando o governo e acirrando a disputa entre o behaviorismo e a psicanálise. Enquanto as mudanças não se concretizam é comum o êxodo de famílias de pessoas com autismo para outros países, em busca de um atendimento mais eficaz.

Cada uma das abordagens tem seus argumentos, e sua visão específica acerca das causas e possibilidades de tratamento. Contudo, é fato que a teoria comportamental traz em seu favor as estatísticas mais favoráveis à qualidade de vida e inclusão social das pessoas com autismo.

Enquanto isso a França, com a predominância maciça da psicanálise, parece ter parado em um tempo em que o autismo era um conceito obscuro e pouco se podia fazer por estas pessoas.

O Centro Conviver, em anuência com as pesquisas científicas e os resultados concretos, não se posiciona necessariamente contra a psicanálise, mas contra o tratamento psicanalítico para autismo.

Parece-nos absurdo colocar sobre os ombros das mães o peso de uma síndrome de causas neurológicas, da mesma forma que não se podem negligenciar razões afetivo-emocionais para as características do autismo, uma vez que elas são claramente uma questão de aprendizado (seja acadêmico, social, comunicativo ou comportamental).
Veronica Tatsch Dias
Psicóloga

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