Atualmente trabalhamos com a opção da tutoria ou mediação dentro da escola comum.
Vale, primeiramente, ressaltar que este nem sempre é um auxílio benéfico.
Existem várias razões, próprias do quadro clínico, que a mediação direta e permanente, prejudica o desenvolvimento da criança dentro e fora da escola.
A primeira grande dica é avaliar a necessidade real de cada caso, pois só o diagnóstico de autismo não é justificativa para o auxílio de um tutor.
Principais motivos para o uso da tutoria:
1. Reações comportamentais indesejáveis dentro da sala de aula?2. Dificuldade em permanecer na sala de aula no tempo dos outros alunos?2. Comunicação comprometida; não compreende e não se expressa devidamente?3. Necessita de apoio para trabalhar com o conteúdo oferecido?
Dentre estas considerações , existem outras inúmeras que comprometem a vida escolar da criança com autismo, por isso devemos refinar a nossa visão para inserir a tutoria com objetivo de adequação e não de proteção, ou seja, o aluno precisa minimamente “dar conta” das demandas da escola.
A partir desta visão, importante avaliar também, se é um caso para escola comum, pois uma avaliação errada compromete muito a evolução de alguns casos e perde-se um tempo precioso de trabalho especial, necessário para a vida adulta.
Por isso é importante considerar que a longo prazo a criança deverá conseguir , pouco a pouco, se adaptar às demandas da escola e não à escola, mudar tudo, para se adaptar à criança.
Este é um princípio básico da inclusão escolar com sucesso e que irá refletir nas conquistas a longo da vida da pessoa com autismo, pois desejamos que se torne capaz de se ajustar às demandas da vida, especialmente fora da escola!!
Algumas sugestões para a intervenção do tutor:
1. Compreenda que você deve assumir um papel de estrategista, ou seja, criar uma ponte entre a pessoa com autismo e a escola (ambientes, estímulos, professores e alunos), sem fazer parte disso. Não desenvolva com o aluno uma relação à parte dentro da escola, torne-se um facilitador e não a peça chave. Não crie dependência, apoie as ações independentes, guie a atenção para o que a professora esta falando, mostre como os outros estão fazendo, dê modelos e retire a sua ajuda gradativamente.
2. Reflita sobre como tornar-se a ponte necessária e busque aprender sobre ensino adaptado : agendas, pistas visuais, adaptações de tarefas, …recursos desenvolvidos para serem utilizados dentro da escola e possibilitar que o aluno consiga sozinho.
3. Assuma compromisso com o aluno e com o nível do autismo que possui, para saber o quanto de ajuda irá precisar para conseguir manter o aluno incluído. Assim você irá compreender que se existem reações indesejáveis e que são consequências de limitações que você deve saber sobre sensibilidade sensorial, dificuldade de compreensão e expressão. Por vezes, diante de tanta dificuldade e pressão cabe ao aluno gritar, bater, fugir,.. Por isso , sendo o tutor comprometido com o autismo do aluno, conhecerá seu ritmo , tempo de atenção, o quanto suporta de estímulos sensoriais do ambiente, o que acalma, o que compreende,… são nos momentos difíceis que o tutor irá estabelecer uma estratégia de ajuste e nem sempre o ajuste é desistir e sair, mas saber quanto tempo e o quanto mais conseguirá suportar para poder sair e relaxar.
4. Estude processamento cognitivo do autista, para compreender que a informação visual deve ser oferecida antes da verbal e que a informação necessita ser previsível.
5. Compreender a dificuldade que apresentam em ler e refletir sobre as emoções alheias é outro ponto fundamental de conhecimento. Então, evite comentar sobre sentimentos no meio de tantas dificuldades , apenas auxilie e simplifique , pois em geral um discurso carregado de emoção só agrava a situação.
6. Para completar o conjunto de conhecimento essencial, é fundamental considerar que estamos tratando de um ótimo gerente que gosta de determinar como as coisas devem acontecer, a seu modo e no seu tempo. Para isso é importante considerar que todos os autistas possuem um padrão comportamental rígido em ações, pensamentos e interesses, em maior ou menor grau , dependendo do nível do autismo. Então, não o faça mudar de ideia, que não irá conseguir, e as reações acontecerão. A estratégia é avisar, modelar , prever, mudar foco e adaptar um comportamento antes que desencadeie uma reação desastrosa. Antecipar os eventos é uma dica muito importante, para combater a ansiedade e impulsividade, pois assim que souber que terá o que deseja , mesmo que em outro tempo, conseguiremos maior controle comportamental.
O desafio de exercer um papel de tutor é imenso! Requer conhecimento, paciência, concentração e muita dedicação. Um trabalho bem feito nesta área irá refletir , com certeza na evolução na vida escolar e na vida futura.
Bom trabalho tutores e não esqueçam que vocês deverão passar por este processo , com a consciência de que deverão auxiliar o aluno com autismo a prosseguir , sem você!!
Este é o objetivo principal e final!